Espaços Vetoriais e Subespaços

 

Espaços Vetoriais e Subespaços são conceitos fundamentais em álgebra linear, que são usados para entender as propriedades dos vetores e as operações que podem ser realizadas sobre eles. Aqui está uma explicação detalhada de ambos os conceitos:


1. Espaços Vetoriais 📏

Um espaço vetorial (ou espaço linear) é um conjunto de vetores que pode ser manipulado com duas operações principais: a soma de vetores e a multiplicação por escalares, e que satisfaz um conjunto de axiomas (ou propriedades). Essas operações precisam cumprir determinadas regras que garantem a estrutura algébrica do espaço vetorial.

Definição Formal:

Seja VV um conjunto não vazio. Dizemos que VV é um espaço vetorial sobre um corpo KK (como R\mathbb{R}, C\mathbb{C}, etc.) se as seguintes propriedades (ou axiomas) forem satisfeitas para todos os vetores u,v,wV\mathbf{u}, \mathbf{v}, \mathbf{w} \in V e escalares c,dKc, d \in K:

  1. Fechamento sob a soma: Para todo u,vV\mathbf{u}, \mathbf{v} \in V, a soma u+v\mathbf{u} + \mathbf{v} também pertence a VV.
  2. Fechamento sob multiplicação por escalar: Para todo vV\mathbf{v} \in V e cKc \in K, o vetor cvc\mathbf{v} pertence a VV.
  3. Comutatividade da soma: u+v=v+u\mathbf{u} + \mathbf{v} = \mathbf{v} + \mathbf{u}.
  4. Associatividade da soma: (u+v)+w=u+(v+w)(\mathbf{u} + \mathbf{v}) + \mathbf{w} = \mathbf{u} + (\mathbf{v} + \mathbf{w}).
  5. Existência do vetor nulo: Existe um vetor 0V\mathbf{0} \in V tal que v+0=v\mathbf{v} + \mathbf{0} = \mathbf{v} para todo vV\mathbf{v} \in V.
  6. Existência do vetor oposto: Para cada vV\mathbf{v} \in V, existe um vetor vV-\mathbf{v} \in V tal que v+(v)=0\mathbf{v} + (-\mathbf{v}) = \mathbf{0}.
  7. Compatibilidade da multiplicação por escalar: c(dv)=(cd)vc(d\mathbf{v}) = (cd)\mathbf{v} para todos c,dKc, d \in K e vV\mathbf{v} \in V.
  8. Distributividade da multiplicação por escalar sobre a soma de vetores: c(u+v)=cu+cvc(\mathbf{u} + \mathbf{v}) = c\mathbf{u} + c\mathbf{v}.
  9. Distributividade da multiplicação por escalar sobre a soma de escalares: (c+d)v=cv+dv(c + d)\mathbf{v} = c\mathbf{v} + d\mathbf{v}.
  10. Multiplicação por escalar unitário: 1v=v1 \mathbf{v} = \mathbf{v}, onde 11 é o escalar unitário.

Exemplos de Espaços Vetoriais:

  • O conjunto Rn\mathbb{R}^n (vetores com nn componentes reais) é um espaço vetorial, com a soma usual de vetores e a multiplicação por escalar.
  • O conjunto de polinômios de grau nn forma um espaço vetorial.

2. Subespaços 📍

Um subespaço vetorial é um subconjunto de um espaço vetorial que é, ele mesmo, um espaço vetorial. Isso significa que um subespaço deve satisfazer as mesmas propriedades de um espaço vetorial, mas apenas em relação aos vetores que pertencem a ele.

Definição Formal:

Se VV é um espaço vetorial e WVW \subseteq V, então WW é um subespaço vetorial de VV se, para todo u,vW\mathbf{u}, \mathbf{v} \in W e para todo escalar cc, as seguintes condições forem satisfeitas:

  1. Fechamento sob a soma: u+vW\mathbf{u} + \mathbf{v} \in W.
  2. Fechamento sob multiplicação por escalar: cuWc\mathbf{u} \in W.

Além disso, como WW é um subespaço de VV, ele deve conter o vetor nulo 0W\mathbf{0} \in W.

Exemplos de Subespaços:

  1. O conjunto {(0,0)}\{(0, 0)\} em R2\mathbb{R}^2: O conjunto contendo apenas o vetor nulo é um subespaço de R2\mathbb{R}^2.
  2. Linhas e planos em R3\mathbb{R}^3: Uma linha ou plano que passa pela origem em R3\mathbb{R}^3 é um subespaço de R3\mathbb{R}^3.
  3. O conjunto de polinômios de grau n\leq n: Os polinômios de grau no máximo nn formam um subespaço do espaço de todos os polinômios.

3. Exemplos de Subespaços em R3\mathbb{R}^3

Considerando R3\mathbb{R}^3, podemos identificar alguns subespaços interessantes:

Exemplo 1: Plano em R3\mathbb{R}^3

Se temos um plano que passa pela origem, como o plano x+y+z=0x + y + z = 0, ele forma um subespaço de R3\mathbb{R}^3, porque:

  • Ele contém o vetor nulo (0,0,0)(0, 0, 0).
  • Se dois vetores estão no plano, sua soma também estará no plano.
  • Se um vetor está no plano, qualquer múltiplo escalar dele também estará no plano.

Exemplo 2: Linha em R3\mathbb{R}^3

Uma linha que passa pela origem, como a linha de equação x=y=zx = y = z, também é um subespaço de R3\mathbb{R}^3, pois:

  • Ela contém o vetor nulo (0,0,0)(0, 0, 0).
  • A soma de dois vetores quaisquer dessa linha será outro vetor na linha.
  • A multiplicação de um vetor da linha por qualquer escalar resulta em outro vetor na linha.

Exemplo 3: R3\mathbb{R}^3 como Subespaço de Si Mesmo

O próprio espaço R3\mathbb{R}^3 é um subespaço de si mesmo. Ele satisfaz todas as propriedades de um espaço vetorial, então R3R3\mathbb{R}^3 \subseteq \mathbb{R}^3 é um subespaço trivial.


4. Critérios para Determinar se um Conjunto é um Subespaço

Para verificar se um subconjunto WW de um espaço vetorial VV é um subespaço de VV, basta verificar as seguintes condições:

  1. O vetor nulo 0\mathbf{0} deve estar em WW.
  2. WW deve ser fechado sob soma de vetores: se u,vW\mathbf{u}, \mathbf{v} \in W, então u+vW\mathbf{u} + \mathbf{v} \in W.
  3. WW deve ser fechado sob multiplicação por escalar: se vW\mathbf{v} \in W e cc é um escalar, então cvWc\mathbf{v} \in W.

Conclusão 🏁

Espaços vetoriais são conjuntos de vetores que obedecem a um conjunto específico de regras, permitindo operações como soma e multiplicação por escalares. Subespaços são subconjuntos desses espaços vetoriais que também formam espaços vetoriais por si próprios, satisfazendo as mesmas propriedades.

Esses conceitos são essenciais para entender a estrutura de muitos problemas em álgebra linear, geometria e outras áreas da matemática. 

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